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terça-feira, 22 de novembro de 2011

O retrato de Dorian Gray e uma reflexão sobre a arte.

Olá amigos,


   Essa semana roubei peguei emprestado, de uma amiga, um livro que é considerado um dos clássicos da literatura: "O Retrato de Dorian Gray", do autor irlandês Oscar Wilde. O romance conta a história de um jovem chamado Dorian Gray que possui  beleza tão magnífica que encanta o pintor Basílio Hallward. Este pinta um retrato de Dorian. Ao decorrer da trama, o jovem começa a sentir inveja do quadro pois o mesmo, diferente do jovem Gray, nunca envelhecerá e, portanto conservará sua imensa beleza. A narrativa se adensa quando Dorian Gray promete dar tudo, até mesmo sua alma se, no lugar dele, o quadro envelhecesse.



   Pelo pouco que li tenho gostado muito. O livro possui um vocabulário de fácil compreensão para a época que foi escrito (1891) e prende muito o leitor. A obra se tornou também um filme e a personagem [Dorian Gray] participou da obra "The League of Extraordinary Gentlemen" (no Brasil: A Liga Extraordinária) do diretor Stephen Norrington.

   Contudo a parte que mais me cativou foi o prefácio, sem prévias explicações vou transcrevê-la aqui. Irei usar o vocabulário original da época.

   O artista é o criador de coisas belas.

   Revelar a arte e ocultar o artista é a finalidade da arte.
   O crítico é aquêle que pode traduzir, de um modo diferente ou por um nôvo processo, a sua impressão das coisas belas.
   A mais elevada, como a mais baixa, das formas de crítica é uma espécie de autobiografia.
   Os que encontram significações feias em coisas tão belas são corruptos sem ser encantadores. Isto é um defeito.
   Os que encontram belas significações em coisas belas são cultos. Para êstes há esperança.
   Existem os eleitos, para os quais as coisas belas significam ùnicamente Beleza.
   Um livro não é, de modo algum, moral ou imoral. Os livros são bem ou mal escritos. Eis tudo.
   A aversão do século XIX ao Realismo é a cólera de Calibã por ver seu rosto nem espelho.
   A aversão do século XIX ao Romantismo é a cólera de Calibã por não ver o seu próprio rosto num espelho.
   A vida moral do homem faz parte do tema para o artista, mas a moralidade da arte consiste no uso perfeito de um meio imperfeito. O artista nada deseja provar. Até as coisas verdadeiras podem ser provadas.
   Nenhum artista tem simpatias éticas, a simpatia ética num artista constitui um maneirismo de estilo imperdoável.
   O artista jamais é mórbido. O artista tudo pode exprimir.
   Pensamento e linguagem são para o artista instrumentos de uma arte.
   Vício e virtude são para o artista materiais para uma arte.
   Do ponto de vista da forma, o modêlo de tôdas as artes é a do músico. Do ponto de vista do sentimento, é a profissão de ator.
   Tôda arte é, ao mesmo tempo, superfície e símbolo. Os que buscam sob a superfície fazem-no por seu próprio risco.
   Os que procuram decifrar o símbolo correm também seu próprio risco.
   Na realidade, a arte reflete o espectador e não a vida.
   A divergência de opiniões sôbre uma obra de arte indica que a obra é nova, complexa e vital.
   Quando os críticos divergem, o artista está de acôrdo consigo mesmo.
   Podemos perdoar a um homem por haver feito uma coisa útil, contanto que não a admire. A única desculpa de haver feito uma coisa inútil é admirá-la intensamente.
   Tôda arte é completamente inútil.

(Prefácio de O retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde) 

   Este texto me fez refletir um pouco sobre qual o objetivo da arte. Seria o que os Parnasianistas diziam? Ou o que os integrantes do tropicalismo reivindicavam? Ou ainda seria um motivos ainda desconhecido?

   Acredito que a arte, seja ela qual for, não tem apenas o objetivo de entreter e sim de engrandecer. Passar um mensagem, de qualquer natureza, através de versos, música, representação, pinturas ou qualquer outro modo. A arte te faz sentir algo novo, algo belo e que ao mesmo tempo é trágico. Ler obras como as de Shakespeare me faz sentir cada emoção das personagem e como elas vêem os fatos. Ao tirar os olhos do livro, muitas vezes, altero minha visão pessoal sobre um determinado fato.

   A arte também pode expressar uma crítica direta ao mundo sem se tornar superficial como outros meios de comunicação. Os versos de uma poesia escondem mais mistérios do que uma densa floresta, afinal os versos nada mais são do que uma transcrição de diversas emoções, vontades e desejos do autor.
   
   "Um livro não é, de modo algum, moral ou imoral. Os livros são bem ou mal escritos. Eis tudo." Nunca pode considerar uma manifestação imoral ou imprópria. Devemos entender que, quando vemos por exemplo, uma cena de teatro onde os atores tocam-se de forma quase erótica como algo errado. Afinal  os atores nada mais são que receptáculos para as personagens e lá apenas está presente personagens que não existem fora de cena. Os que encontram significações feias em coisas tão belas são corruptos sem ser encantadores. Isto é um defeito.

   A arte é uma como uma densa névoa que esconde um labirinto de sentimentos onde as portas estão abertas para aqueles que desejam desbravar sua complexidade e atingir seus tesouros. E estes tesouros não podem ser simplesmente explicados, contudo aqueles que já atingiram sabem do que falo.

   Seja qual for o motivo e objetivo que vocês enxergam uma coisa devemos concordar. A arte é bela por tornar-se única, e única por fazer-se bela.

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